CIDADE MARAVILHOSA! Bem... depende do ponto de vista... ou do que voce estiver fazendo por la'... (RC)

“Impressionada com a curta duração dos dias no inverno dinamarquês, e também para puxar conversa, fiz um comentário certa feita a um amigo morador do gélido país do norte. Lancei mão da velha teoria de que as longas temporadas frias de escuridão deviam ser as grandes responsáveis pela alta taxa de suicídio em uma sociedade sem miséria nem desespero aparente como a dele. Surpresa fiquei ao saber que a grande maioria dos suicidas cometia seu ato no verão, quando a claridade atravessa três quartos do dia. "É justamente o contrário", me disse ele. "O que deprime é a obrigação de aproveitar o sol. Você acorda, faz tudo o que tem de fazer e ainda tem uma enormidade de horas pela frente. A noite não chega nunca, dorme-se pouco, é difícil evitar o estado de ansiedade permanente e a culpa por não estar vivendo tanto quanto deveria. Por isso as pessoas se matam na época mais resplandecente do ano."
Li esse trecho numa cronica da ja’ aqui tantas vezes citada Fernanda Torres (que atualmente escreve na Revista Vejinha-Rio).
Tambem cheguei a ler nas “cartas dos leitores” da edicao seguinte (alias, adoro ler essa secao) que trazia um outro relato de um frances que estivera no Rio de Janeiro por uma semana, quando seus amigos tentaram mostrar-lhe as “melhores coisas das Cidade Maravilhosa, com passagem pelos principais pontos turisticos, Parati, etc” e ele teria dito no Aeroporto: “obrigada por tudo, mas nao poderia viver aqui jamais! Morreria de depressao com tanta luz!” (nao esta’ transcrito ao pe’ da letra, mas foi algo do genero).

E eu aqui... na CIDADE MARAVILHOSA, num bairro maravilhoso, a uma quadra da praia... muitos podem pensar: puxa! Fantastico! Mas sabe de uma coisa? Eu estou aqui desde o dia 11 e ainda nao “vi” a praia (a uma quadra daqui, repito).

Quando venho para o Brasil e’ sempre assim: fico correndo de um lado para o outro, apagando focos de incendio ainda deixados (nao por mim, e’ claro) desde a ultima vinda, tentando deixar “tudo ajeitado” e... bem, dessa vez ainda com o agravante (por problemas de saude na familia) indo e vindo de Niteroi.
Entao, quanto e’ que precisa para eu ficar no Brasil e dar tempo de eu fazer tudo que eu “tenho” que fazer e passar a fazer o que eu “quero”? Na verdade acho que se eu nao puser uma trava nisso, sera’ o velho Tempo nunca suficiente para que eu consiga usufruir amigos, lugares, bares, musica, cultura, etc.

Prova disso e’ quando eu “paro tudo” e digo: “vou a Sao Paulo. Preciso resolver questoes de papelada (e’ sempre verdade) e vou ver meus amigos”. Fiz isso da ultima vez e foi obviamente delicioso. Interessante foi que, naquela ocasiao, nao tirei uma foto sequer da minha “turma”. Depois, analisei em silencio para encontrar o porque de ter agido assim, e conclui que era uma maneira de guardar para mim – so’ para mim – o tanto que tinha sido bom, o quanto queria aqueles momentos com meus amigos so’ meus, num deliciosos egoismo.

Dessa vez nao foi diferente quando parei o frenesi do corre-corre na Capital carioca e fui para Sao Paulo (dessa vez com o maridao, sem as criancas) para, sim, resolver papelada, mas tambem – e especialmente para mim – rever e estar com os amigos.

AI QUE DELICIA!
QUE VONTADE DE FICAR LA’! DE ESTAR LA’!

Quando acordei no sabado, da janela do hotel ainda pouco podiamos ver , pois ainda havia neblina fria... cores cinzas... e eu – mesmo assim – exclamei: “ai, que delicia! Que lindo! Estou em Sao Paulo!”. Meu marido, cariocao, claro, olhou-me com aquela cara de “casei-me com uma maluca”.

A VISITA AOS AMIGOS, O VINHO BEBIDO E AS GARGALHADAS INSANAS DA SEXTA-FEIRA A NOITE (terminadas as 3 horas da manha); o ALMOCO EM FAMILIA (amigos que amamos como primos que brincaram juntos toda a infancia, mas que so’ conhecemos a uns poucos anos atras) NO SABADO, COM O TRADICIONAL STROGONOFF NA MINHA AMADA MOEMA; a VISITA RELAMPAGO AS MINHAS VIZINHAS-SENHORINHAS D. CIDA e D. NEUSA; ja’ terminando o dia, o ENCONTRO RAPIDO COM “O” CASAL, ESPECIALMENTE AMADO, QUANDO PUDE OUVIR A VOZ DOCE DA MINHA QUERIDA ANA...; e antes de jantar e dormir, um tempinho para uma MOLECAGEM FEITA COM MINHA QUERIDA “VIZINHA DE BAIXO”, como uma garotinha que toca a sua campanhia e sai correndo: deixando na sua caixa da porta um presentinho e um bilhetinho: TE AMO! Ja’ que nao conseguia encontra-la...

AI!
AI QUE DELICIA!
QUE VONTADE DE FICAR LA’! DE ESTAR LA’!

E’ tao bom lembrar disso, e so’ tem tres dias que sai de la’... cada tempo gasto aqui; cada corre-corre; cada fila de banco, INSS; arrumacao de armario; conjuncao de sorte-tempo-oportunidade-necessidade; visitacoes sociais; administracao de egos; etc, etc... TUDO ISSO VALE, SE FOR O “QUANTO E’ QUE PRECISA” PARA EU PODER TER AQUELAS 24 HORAS EM SAMPA, E ESTAR COM MEUS AMIGOS daquele exato jeitinho.

Mas da proxima vez que eu vier ao Brasil, so’ venho nessa condicao: PRIMEIRO SAMPA, inclusive com as criancas, por pelo menos 15 dias. Depois... tudo bem... a tal CIDADE MARAVILHOSA!
(RC)

2 comentários

  1. oi Renata
    Gostei muito de ler sobre seus sentimentos aqui no Brasil Parece que a gente está vivenciando com voce.
    Quando vier com tempo, se quiser conhecer a Paraiba, pode dispor.
    Valeu!
    Apenas no fim do ano, (novembro), vou aos states onde minha duas e únicas filhas residem, voltando em Março. Outro qualquer tempo, disponha Abs
    Magdala

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  2. Por email:
    ´´Oi Re!!!!!
    Estou com muitas saudades!
    Outro dia fiquei pensando... porque as minhas amigas amadas se vão?
    Porque será que sempre quando me apego a alguém legal, que me ensina tantas coisas, que me traz tantas coisas de bom, alegre, verdadeira, ela vai embora?
    Fiquei muito triste me achando injustiçada (até com uma certa raivinha, ehehehe, para quem me conhece).
    Caramba, é só eu amar que pronto, Deus da um jeito de colocar as malas na porta.
    Cheguei a uma resposta.
    As pessoas especiais como você, são do mundo, precisam estar em vários lugares ao mesmo tempo, aprendendo e ensinando para todos.
    Eu no meu profundo egoísmo não entendia.
    Bem, vou me conformar e ficar quieta no meu canto, e aproveitar o seu blog, que é maravilhoso e é a melhor maneira de estar perto de você.
    Obrigada por sua amizade real (em todos os sentidos, valiosa e verdadeira)!
    Volte logo! Please!
    Beijos,
    LU´´

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François Fénelon