GILMÉLIA, UMA RAINHA DE VERDADE! (RC)


Agora que já terminaram as votações do II Concurso de Contos promovida pelo BLOG ´´FIOS DE ARIADNE´´, acho que já posso divulgar o meu conto aqui: ´´GILMÉLIA, UMA RAINHA DE VERDADE´´. Então... vamos a ele!

´´Gilmelia era uma Rainha. De verdade! Uma Rainha do Lar! Ela não gostava desse nome: ”Gilmelia”! Então todos a conheciam por “Melinha”. Isso tinha sido obra de seus pais: Gilson e Amélia, que queriam homenageá-la colocando-lhe seus nomes juntos: uma prova de amor, que sinceramente ela não gostava.

Mas Melinha não era uma Rainha assim, por nada. Não foi fácil conseguir a Coroa, o Posto.

Mas e’ bem verdade que foi criada para isso: sempre ouvia seus pais dizendo “essa menina e’ uma Princesa”, “ponha rosa nessa menina, ela fica muito bem de rosa”, “espera, minha Princesa, que ha’ de chegar seu Príncipe, e você ha’ de ser feliz com ele”, “nao estuda demais, não. Tu não precisas. Tu nasceu para ser Rainha!”

Bem... o tempo foi passando... e Melinha ficou esperando... esperou a escola acabar, a faculdade começar (afinal, o Príncipe podia estar la’ e ela foi confirmar)... mas as matérias iam se sobrepondo, sobrepondo... enquanto esperava Ele chegar. Dai, começou a Pós-Graduação, pois Ele podia estar numa daquelas cadeiras ou salas, ou mesmo num daqueles corredores ainda estudantis, embora ja’ maduros, daquele prédio velho em que ficava o Curso para Doutorandos e afins.

O tempo passou.

Passou para Melinha e passou para seus pais também, e um dia perdeu um, depois, o outro. Foram-se. Velhos... mas fortes na esperança de vê-la entrar sob “Ave Maria de Godart” vestida de um branco tão branco que ofuscaria todas as jóias e todos os brilhos dos convidados então presentes, enquanto ela percorreria lentamente sobre o tapete vermelho, de mãos dadas com seu pai, ate’ o altar, onde estaria esperando seu Noivo, seu tão esperado e desejado Príncipe.

E, enquanto esperava, e enquanto o tempo passava, estudava – muito embora as antigas palavras de seu pai não tivessem nunca saído de sua cabeça: “Uma rainha não precisa estudar demais...”. Chegou a fazer o Mestrado, depois do Doutorado.

E depois... bem depois... não havia mais o pai para segurar-lhe a mão ate’ o Altar, e este ja’ lhe parecia tão longe, tão comprido aquele tapete vermelho, tão amarelado aquele vestido... e assim... dormiu.

Dormiu muitos dias. Realmente muito tempo se passou ate’ que tivesse acordado daquele sono tão profundo.

Quando abriu os olhos viu próximo a sua cama todos os quadros que pendurara na parede, todas as Formaturas, as Graduações, os Posteres enormes feitos quando ainda era menina e a mãe colocava-lhe belos e esvoaçantes vestidos cor-de-rosa. Viu também a foto de seus pais, onde pareciam muito felizes juntos. Lembrou, ainda deitada a cama, que embora não usasse mais aqueles vestidos, ainda dormia sob lençóis cor-de-rosa – agora em seda pura que seu salário de “mulher-bem-sucedida-independente” podia comprar - e que ainda sonhava com o Príncipe que tanto lhe afirmara seu pai, que um dia teria.

Lembrou também que nunca vira seus pais brigando, chorando ou gritando, mas que também nunca os vira se abraçando, rindo ou se beijando... e que, então, não podia mais saber de nada, a despeito de tudo que estudara nos livros. E tudo o que estava ali, pregado na parede tinha sido o que vivera ate’ então... sem brigas ou gritos, mas sem abraços e beijos também. Sem risos nem lágrimas, o tempo passou.

Foi quando decidiu levantar e abrir a janela do sobrado onde morava – na verdade o Castelo herdado de sua mãe - que cuidava com muito gosto e zelo, com toda a prenda que ela lhe ensinara. Mas não havia ali Príncipe ou Rei...

Mas de repente, pulou para dentro de seu quarto um sapo! Arg! Um sapo horroroso, cheio de verrugas salientes por todo o corpo, de cores e tamanhos diferentes. Ela deu um grito! Mas um grito tão alto e forte, que um rapazote que passava sob seu alpendre assustou-se, tropeçando, e caindo sobre um pedacinho de jardim que ainda restava na calcada logo em frente de sua porta, onde mantinha muitas rosas e muitos espinhos também. O rapazote então gritou! Mas um grito tão alto e forte que Melinha caiu la’ de cima em seus braços.

Se você acredita em amor a primeira vista, destino, ou essas coisas todas que falam por ai, então, acredite-me: eles se olharam, sem ser dar conta da idade que os separava, sem pensar sobre o fato de que nada sabiam acerca um do outro, sem se importar com os espinhos daquele jardinzinho de nada, sentindo apenas o doce cheiro das rosas, e então se beijaram sem se perceber aqueles todos que por ali passavam apressados, esbaforidos, sem poder perder tempo... sem poder sorver daquela imagem, daquele interminável beijo...

E assim, o tempo passou... e ainda deu a eles filhos e depois netos... e por eles ela brigou, gritou, e chorou, e também abraçou e beijou e riu muito.

E, Melinha com seu Príncipe, hoje um Rei, foram assim, felizes para sempre.

Ah! Esqueci de dizer: toda essa historia e’ a mais pura verdade, ouviu? Mas você sabe... “quem conta um Conto aumenta um ponto”...´´
(RC)

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3 comentários

  1. Renata

    Venho aqui para te dizer que adorei o seu conto. Não estou aqui para fazer um comentário elogiando simplesmente por fazê-lo.
    Li todos os contos e cada um tem um estilo e tem seu valor.

    O seu conto é um Conto de Fadas com um final fantástico e uma criatividade nota dez.

    Como os que participaram não puderam dar nota eu agora estou dando a minha para o seu conto e com todo louvor.

    Li no início que não publicastes o seu conto antes porque estava rodando a votação, mas como vi outros blogs postarem perguntei a Vanessa e ela falou que podia.

    Achei interessante postar para os meus seguidores e leitores, pois o meu foi o último e poderiam avaliar com frelação aos que estavam sendo postados.

    Bem agora nos resta aguardar o resultado e para mim já foi bom estar entre os finalistas e interagir com muitos escritores que nbão conhecia.

    Desejo boa sorte e que possamos estar interagindo nessa blogosfera e saber um pouquinho da vida na Tailândia.

    Beijos

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  2. Irene! Super obrigada por suas elogiosas palavras! Gosto mesmo de escrever e foi um desafio faze-lo ´´por encomenda´´!!! srsrsrsrs!
    Vou lá reler o seu (tb li todinhos!).
    Bjka!

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  3. @Irene MoreiraIrene, obrigada por suas palavras! Respondi no proprio POST e estou TESTANDO ESSE ´´COMENTE O COMENTARIO´´. Caso vc receba essa mensagem, pode confirmar pra mim? Grta! Bjka!

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